quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Fear not my child

É engraçado como as crianças acham que os adultos são bravos e fortes.
Como elas acreditam que eles (opa, nós) não tem(os) medo de nada.
É irônico.
Porque a impressão que eu tenho é que quanto mais velhos ficamos,
é maior o medo que sentimos.
Como se antes ele fosse uma participação especial,
e passasse a integrante fixo.
Presente em todos os momentos.

Medo de ser invisível.
De ser um João Ninguém,
Ou de ser um alguém horrível.
De amar.
De perder.
De morrer.
De morrer sem amar.
Medo de solidão.
Medo de multidões.

Medo de crescer
Medo de envelhecer.
De ser jovem e ter uma vida inteira pela frente sem se ter idéia do que fazer com isso. (E o que eu faço com isso?)
Medo do desconhecido
Do que é diferente
Do estranho e do estrangeiro
Medo de si
De ser muito,
Ou muito pouco.
Medo dos outros
Do que são capazes de fazer com os outros ou incapazes de fazer pelo outros.
Medo da violência
Medo da miséria
E da infelicidade
Medo de virar mendigo (uma mistura de violência, miséria e infelicidade perturbadoramente paupável que pode ser encontrada em qualquer esquina)

Insegurança, que é outro medo:
De depender dos outros
De não ter ninguém com quem contar
De não ter ninguém para conversar
De nunca ser realmente ouvido
De não ter nada pra falar
De nunca ser descoberto
De nunca SE descobrir
Medo de ouvir não.
E de dizer: não!

Medo de não ser amado
Medo de não ter motivos para ser amado.
Medo de que não exista esse ou qualquer amor.
Medo de que seja tudo uma simples fantasia do homem em busca de um conforto para seus medos.

Medo da morte
Medo dos mortos
Medo dos vivos
Medo de decepcionar
De SE decepcionar
Medo do tempo perdido
Medo de tudo.
O tempo todo.
Medo do medo não acabar nunca.
Medo do que vem depois do nunca.
Medo da eternidade.
Medo que é maior do que o próprio medo.
E maior do que o próprio mundo.
E ainda maior do que o próprio homem.

Os monstros que as crianças temem moram debaixo da cama, no fundo de armários. Sótãos, cavernas, imaginação.
Atacam somente no escuro (especialmente em noites de tempestade e solidão).
Esse medo vai embora quando o sol nasce, ou quando a luz é acesa.
Quando um espaço a mais é liberado em meio aos lençóis dos pais.

"Posso dormir aqui essa noite?"

O que um adulto vai perguntar?

"Posso dormir aqui para sempre?"

5 comentários:

Três disse...

sempre tive mais medo de espíritos doq de assassinos...

afinal assassinos te matam e pronto, acabou!
espíritos...podem te possuir por anos e fazer o diabo à quatro (literalmente).

sério, espíritos. Temam

Anônimo disse...

Sempre lembro do comentário de uma amiga sobre o meu repúdio por brutamontes "ele foi em algum momento uma criança triste, acuada num canto, chorando e desejando pela mãe, o que te faz pensar que isso mudou?", sempre leio aqui calado e hoje não posso fazer isso... foi o seu melhor.

Bruno Rezende disse...

Incrível a forma como você retratou essa lado "medonho" da infância.... lembro-me claramente de quando eu tinha 8 anos. Dormia todas as noites com a luz do abajur acesa, e sempre colocava uma toalha no beliche para bloquear minha visão da janela. Eu sempre imaginava um vulto passando la fora. Ouvia sempre ruídos que nunca existiram. Lembro-me que me inpresionava facilmente com qualquer história aterrorizante. Espíritos, mosntros, extra-terrestres. É incrível como um simples nascer do sol apaga o medo de nossas mentes, deixando apenas alegria e um belo dia pela frente... até o anoitecer é claro!

Inevitable disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Inevitable disse...

Eu tenho medo de Ets.
Sério... eles te tiram de terra! Te levam para um lugar estranho do qual vc não tem para onde fugir.
Eles nem falam a sua língua para vc ao menos tentar dialogar com eles!
Te deixam longe de tudo que vc ama.
São feios.
Eles fazem experiencias com vc, vc fica cheia de cicatriz,e quando te devolvem p sua casa talvez vc esteja grávida de uma mistura sua com a raça dessas coisas feias e assustadoras!E ainda vai ser taxada de doida!
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Hum... acho que tenho medo de casamento tbm....
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