quarta-feira, 20 de maio de 2009

essência

O que faz um personagem senão a sua essência?
O que somos todos, senão personagens inventados
por nós
pelos outros
pelo mundo
a ficção dentro do real
a fixação dentro de nós mesmos

O que faz a nossa essência?

Que me faz a mesma apesar de todas as metamorfoses.
Que identifica a lagarta dentro da borboleta
A pele sob a pele
O que mantem acesa a vela

O que faz com que eu me reconheça

Minha impressão digital de alma

Quem eu sou, ou acredito ser
Quem eu queria ser
Quem eu quizera fosse

O que me faz senão tudo o que eu penso
e tudo o que eu calo

As palavras que nascem no peito
e morrem na fala

Os erros que superam os acertos
As risadas, as máscaras
a impaciência que consome por dentro
a acertividade
o desarranjo

as peças que não se encaixam
que não se acham
e perdidas deixam o vão
o vazio no espaço

os arrependimentos
tudo o que eu disse sem pensar
tudo o que eu pensei e nunca disse
até que fosse tarde demais
até que já não existisse volta

o orgulho
o escudo que protege
a lança que fere

o humor
o escudo que protege
a lança que fere

o que sou eu senão as minhas palavras
nos olhos de quem lê
na boca de quem fala

o que sou eu senão as lembranças
na saudade de alguém
na memória de ninguém

o que sou eu senão o nada
mais um na multidão que vaga

o que sou seu senão a minha essência
o desejo de ser
de existir
de me consumir e explodir eternamente
de ter um sentido
de fazer sentido

o que sou eu senão eu mesma
e se nem eu sei
como poderiam os outros

2 comentários:

Três disse...

O segredo é não pensar muito.
Senão passa e você perde.

Wait, wait till the signs are right
Wait till the perfect time
And you will wait too long he will be gone, he will be gone

Inevitable disse...

Aqui no meu trabalho tem um sofá que dá direto para a varanda e da uma panor^mica perpendicular para a rua. Na casa viinha tem uma árvore linda. Nunva vi uma igual, as folhas são escuras e muito finas, as flores de um púrpura muito vivo. Minha tia me falou que é uma cerejeira japonesa. Que a dona da casa, que já morreu há tipo cinquenta anos, trouxe a semente uma vez de certa viagem que ela fez ao japão e plantou. Não existe outra por aqui.
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Eu gostava de sentar no sofá e olhar o quadro:
As escadas da varanda daqui que parecem alcançar o muro vizinho, a cerejeira alta qe semi- cobre a casa antiga de dois andares,um pedaço da rua principal, desproporcional e feia que acumula poluição visual, os fios de telefone lá no alto que cortam toda essa bagunça, e o sino mais alto da igreja que apareçe lá atrás, bem ao fundo.
Eu gosto de sentar e imaginar esse quadro em preto e branco. Pintado de aquarela, óleo, nanquim, esferográfica, canetinha.
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Hoje, no entanto.... eu sentei no sofa e percebi que cortaram a cerejeira. Agora só tem um tronco multilado no ugar dela. E por isso pude ver, que estão também, demolindo parte do casarão antigo onde ela estava.
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A questão é, ao meu ver... a essência, é aquilo que mundo sempre tenta te roubar, cortar, demolir de você. Da sua alma.
As vezes ele consegue e as vezes não, porque como vc disse no seu texto: existe a lembrança.
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Eu não sei se a cerejeira japonesa vai crescer oura vez. E sei que a casa nunca mais vai ser centenária... Mas a lembrança.... elas consevarão ao menos uma fagulha do que um dia foi... e a essencia.. eu não sei se se perdeu.... pq afinal... suas partes mortas foram para algum lugar, e aquele átomo... ainda é essencia daquela planta.... mesmo que se integre em outra composição de carbono.
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To me embaralhando. Mas é porque eu acho, de verdade, que por mais que tentem te roubar ou demolir, sua essencia ainda existe, mesmo se não estiver mais com você. Ela é absoluta.
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A cerejeira está na minha lembrança. O quadro coninua na minha mente em todas as artes-finais que poderia ter tido. Tavez a essencia disso, no campo abstrato esteja comigo agora!
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Enfim.. gosto de definir a minha essência como uma casa antiga. Não irei demolí-la enquanto puder. E você... commmmmmm certeza tem um quarto nela.
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Agora a sua essesncia... só vc pode saber.
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