sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O espetáculo

A gente nasce com uma única certeza, a morte.
A gente cresce até nossos limites por fora e se despedaça por dentro.
A gente morre com uma única culpa chamada arrependimento.
Por vezes com hora marcada, outras e tantas de supetão.
A gente esquece com a benção de um novo dia.
A gente lembra com saudade do que passou,
com nostalgia por uma ilusão deformada dos acontecimentos passados.
A gente sofre como se cada dor fosse a maior e a mais forte.
A gente ama com medo de perder.
A gente perde por medo de amar.
A gente se fecha e desacredita.
A gente perdôa e oferece a outra face.
E toma mais um tapa.
A gente erra porque tem visão limitada, porque quer acreditar no que não é de verdade.
A gente acerta por engano e sorte.
A gente não faz amigos, os verdadeiros já eram seus amigos, vocês só não haviam se encontrado ainda.
A gente faz inimigos por tudo aquilo que é dito quando não quer ser ouvido.
A gente se apaixona porque o coração que é apenas um pedaço de carne inanimado não deveria ser responsável por algo tão raro.
E sofre porque nenhum sentimento é imune as mutações impostas pela vida real.
A gente se desaponta porque tem expectativas.
E se surpreende quando espera o desapontamento.
A gente dança porque as vezes as pernas escapam ao controle de nossa censura.
E ri porque as vezes é preciso, para derramar alegria, para ludibriar os estranhos, para camuflar as lágrimas.
A gente chora porque as vezes a tristeza é grande demais e transborda.
A gente continua porque
porque...
por quê?
.
.
.
Porque as cortinas estão abertas e o espetáculo ainda não acabou.

2 comentários:

Inevitable disse...

Porque o espetáculo ainda pode ser maior e mais surpreendente do que tudo que já aconteceu na sua vida inteira até agora!

Belo texto, como todos que vc escreve!

S2

# Manuela

Três disse...

isso foi mto mto mto mto perfeito

só nao ganha do meu post sobre Xena

fica a dica